sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cataratas do Iguaçu Uma das Sete Maravilhas - mas não mais tão naturais


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É oficial. Na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, no dia 22, Bernard Weber, da Fundação Novas & Maravilhas, confirmou oficialmente que as Cataratas do Iguaçu / Iguazú são finalmente uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo. Parabéns a todos pela honraria. Mas aproveito para divulgar uma realidade: apesar da beleza imponente, as Cataratas do Iguaçu estão em risco como qualquer outro local natural do mundo. As Cataratas do Iguaçu não são mais tão naturais como parecem. Tudo no rio Iguaçu é controlado pela mão do homem. Na Região Metropolitana de Curitiba toda a água captada a partir do sopé da Serra do Mar em direção à Curitiba é canalizada e dirigida às represas que vão ajudar a abastecer a nossa capital bela e complexa capital. O controle é da Sanepar. Acompanhei alguns trechos desses, por exemplo, do pé da serra onde está o primeiro viaduto da linha férrea no sentido Curitiba-Paranaguá, na localidade de Roça Nova (Piraquara), acompanhando o rio do Rato, vendo-o entrar no Iraizinho, daí no Iraí e por fim na represa do Iraí.

Em Porto Amazonas, o rio Iguaçu tem uma vazão média de 60 metros cúbicos. Se você lembrar que as Cataratas tem uma vazão de 1.500 metros cúbicos por segundo, você verá que a RMC briga por pouca água. Daí vem o trecho das hidrelétricas onde o controle é da Copel, da Eletrosul e em breve da Neoenergia. Sem querer entrar no âmago do assunto, basta dizer que, lá embaixo, nas Cataratas, a variação da vazão controlada pelo homem é brutal. Todos os dias, a água sobe e desce fazendo um percurso que a Natureza levaria meses. As Cataratas, originalmente, estariam cheias na estação das chuvas. Estariam secas na estação de estiagem. Hoje não. As Cataratas enchem na seca e secam na cheia tudo por conta do controle antropogênico ou seja do homem. Os peixes pagam o pato. Os peixes que vem à água razoavelmente profunda e se põe a dormir no oco de uma pedra, pode ficar sem água num piscar de olho. A água seca e isso deve afetar também a todo o ecossistema. Um exercício interessante é acompanhar o monitoramento da vazão do rio Iguaçu no site da COPEL. Escolha um dia. Todos são iguais. Nas fotos acima, você verá, se clicar nelas fotos, o monitoramento hidrológico do rio Iguaçu de dois dias. São dois dias bons há dias em que as diferenças são maiores.

Na primeira, à 1h da manhã do dia 2 de fevereiro de 2012, a vazão no Salto Cataratas era de 1.500metros cúbicos por segundo. Às 10h39 a vazão era de 1.330 e às 19h a vazão foi de 1.760 metros cúbicos por segundo. No dia 24/02 à 1h da manhã a vazão foi de 1.390. Às 7h foi de 1.180 e às 14h chegou a 1. 640 metros cúbicos por segundo. Estas foram, repito, variações pequenas. Tenho visto variações maiores segundo as quais as Cataratas passam de níveis abaixo da média de 1,5 mil m³/segundo para números muito acima da média daqueles que podem ser chamados por nós repórteres de "espetáculo da natureza" quando na realidade é excesso d'água liberado pelas nossas hidrelétricas especialmente Salto Segredo e Caxias tudo planejado e realizado pelo cérebro e mãos do homem, respectivamente (Extra: atualizado movimento das águas no dia 26. Clique figura pequena ao lado)

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