quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Piscina da morte



Estou tentando manter as fotos em uma ordem linear. Ao pé da letra, estou acompanhando os trilhos do trem. Depois que o trem passa pela estacão de Piraquara, ele vai atravessar uma área onde, de um lado se pode ver um extenso capinzal do baixio, do pé da serra. Do outro, se vê bairros e habitações humanas. Logo, o trem atravessa uma favela. Eu, desavisado, passei por aqui a pé. Não é uma boa idéia e não recomendo. Mas nada aconteceu, pelo que agradeço as comunidades em questão.

Mais à frente o trem passa sob um viaduto do Contorno Leste e entra numa região onde a Natureza volta a ser um pouquinho mais "natural". A grande coisa, na paisagem, adiante, é o local onde o trem atravessará a Avenida Brasília. A maioria dos passageiros do trem está na janela e acena, grita para todo mundo que está no cruzamento. O passageiro verá uns casarões antigos, à esquerda do trem. É uma região bonita. Em uma grande área verde, cheia de pinheiros antigos, muitas minas d'água, banhados e pássaros. Aqui funciona o Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná (referência no tratamento da hanseníase) e o Centro de Produção e Pesquisas de Imunobiológicos (CPPI)- ambos ligados à Secretaria de Estado da Saúde.

Repito, é uma área muito bonita, digna do orgulho dos paranaenses. Logo após esse belo trecho, a depredação recomeça. Falo de uma depredação oficial naquele interminável esforço de captar água, fornecer água, tratar água, sujar água, tratar, e assim para sempre. A foto mostra uma lagoa que segura a água em tratamento. (Ehm?) Não sei em que estágio do processo de "tratamento" a lagoa se encaixa. Mesmo assim, nas vezes em que fui aí, sentir o cheiro e curiosear, vi grupos de jaçanãs - aquelas galinhazinhas aquáticas de cor marrom e amarela que às vezes parecem borboletas.

Exemplo de vida: literalmente sobrevivendo de um caldo pesado de dejetos. O turista, no trem, os passageiros não sabem nada disso. Não vêem nada disso. Só reclama daquela favela e de tantas outras ao longo dos trilhos.

Nenhum comentário: